segunda-feira, 23 de julho de 2012

ARTE E LEITURA - Algumas proposições (2010)


ARTE E LEITURA 1

 “O exercício do pensamento/criação tem [...] um poder de interferência na realidade e de participação na orientação de seu destino, constituindo assim um instrumento essencial de transformação da paisagem subjetiva e objetiva”.
ROLNIK, Suely. Geopolitica da Cafetinagem. Online em rizoma.net, http://www.rizoma.net/interna.php?id=292&secao=artefato
Acesso em 20/01/2011.

Uma das grandes aquisições que a contemporaneidade nos proporcionou é a dissolução de fronteiras entre os diversos meios de expressão artística.  Não se justifica mais uma separação entre os termos ARTE e VIDA. É freqüente hoje encontrar na produção artística, inúmeras mídias mescladas, tais como dança, literatura, teatro, instalação e criação sonora. 






ARTE & LEITURA 2


Ocorre que é impossível pensar a arte contemporânea, hoje, em termos de uma “pureza visual”, de um campo de visualidade absolutamente auto-suficiente e completamente isolado de outras áreas.

Assim é que nos parece que, para afirmar algum tipo de autonomia do campo da arte, hoje, é necessário compreendê-la em sua natureza híbrida, como campo de entrecruzamento de diversas determinações.

(BASBAUM, Ricardo. Além da pureza visual. Porto Alegre, RS: Zouk, 2007, p.18-19).



Não é a toa que a fotografia é um elemento integrante da tradição francesa. Paris, no século XVIII, Século das Luzes ou do Iluminismo, era o centro cultural da Europa e ficou conhecida como a Cidade Luz. Nesta época a França se destacava nas artes com o Impressionismo, técnica inovadora de pintura por meio da luz. Se a invenção da fotografia decorreu da contribuição de diversas pessoas e de um conjunto de descobertas ao longo de anos, o francês Joseph Niépce em 1826 foi reconhecido o realizador da primeira fotografia. O daguerreótipo, processo fotográfico que não envolve imagem negativa, foi criado em 1937, também por um francês, Louis Daguerre.





ARTE & LEITURA 3

"Quando Daguerre apresentou em 1950 seu invento perante a Academia de Ciências em Paris, fez uma advertência aos seus auditores: 'O Daguerreótipo não é um instrumento que serve simplesmente para desenhar a natureza [...}, ele lhe dá o poder de reproduzir-se a si mesma'.
François Arago, quando defendeu a patente do invento de Daguerre, afirmou que 'a própria luz reproduz as formas e proporções dos objetos reais'."
 (KRAUSS, Rosalind. O fotográfico. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2002, p.66).


ARTE & LEITURA 4

"O trabalho criativo é divertimento; é a livre exploração dos materiais que cada um escolheu. A mente criativa brinca com os objetos que ama. O pintor brinca com a cor e com o espaço. O músico brinca com o som e o silêncio. Eros brinca com os amantes. Os deuses brincam com o universo. As crianças brincam com qualquer coisa em que possam pôr as mãos.
A criatura que brinca está mais apta a se adaptar a mudanças de contextos e de condições. A brincadeira, na forma da livre improvisação, desenvolve nossa capacidade de lidar com um mundo em constante mutação. Brincando com uma enorme variedade de adaptações culturais, a humanidade se espalhou por todo o globo terrestre, sobreviveu a várias idades, do gelo e criou artefatos surpreendentes."
 (NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo. São Paulo: Summus, 1993, p.49 e p.51).


ARTE & LEITURA 5

"Sou a favor de uma arte que evolua sem saber que é arte, uma arte que tenha a chance de começar do zero.
Sou a favor de uma arte que tome suas formas das linhas da própria vida, que gire e se estenda e acumule e cuspa e goteje, e seja densa e tosca e franca e doce e estúpida como a própria vida."
(OLDENBURG, Claes. Sou a favor de uma arte..., in: Glória Ferreira e Cecília Cotrim [Orgs.]. Escritos de artistas: anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006, p.67).

A arte contemporânea tem como princípio fundamental a estreita ligação entre ARTE e VIDA. Existe um crescente interesse e valorização das manifestações artísticas que investem na aproximação e troca entre as pessoas, nos espaços de experimentação e convivência.

ARTE & LEITURA - 6

"[...] as reuniões, os encontros, as manifestações, os diferentes tipos de colaboração entre as pessoas, os jogos, as festas, os locais de convívio, em suma, todos os modos de contato e de invenção de relações representam hoje objetos estéticos passíveis de análise enquanto tais.
 [...] a obra de arte é uma ocasião para uma experiência sensível baseada na troca [...]. Hoje, o que estabelece a experiência artística é a co-presença dos espectadores diante da obra [...]."
(BOURRIAUD, Nicolas. Estética relacional. São Paulo: Martins, 2009, p.40 e p.80).

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